sexta-feira, 4 de maio de 2012

Cheia dos rios no AMAZONAS somam prejuízos de R$ 30,6 milhões

Segundo o Idam, as perdas devem superar os R$ 50 milhões da cheia de 2009. Preços dos produtos devem subir 20%

Manaus (AM), 03 de Maio de 2012 - ELAÍZE FARIAS

Em Anamã, enchente já atinge casa de farinha. Culturas como mandioca, banana, malva e juta são as mais afetadas (Alexandre Fonseca).

    As perdas da produção agrícola do Amazonas devido à cheia da bacia amazônica neste ano ultrapassarão as registradas em 2009, ano da maior enchente em cem anos, segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam). Há três anos, os prejuízos foram de R$ 50 milhões. Levantamento parcial do Idam aponta perdas no valor de R$ 30,6 milhões. Mais de 7 mil famílias de produtores rurais estão sendo afetadas.
    O presidente do Idam, Edimar Vizzoli, acredita que estas cifras serão ultrapassadas, pois o período da enchente vai se estender até o meio do ano. Ele alerta que as perdas incidirão diretamente no valor dos produtos nas prateleiras dos comércios e das feiras. Há uma previsão de aumento de 20% nos preços.
    A produção de mandioca está sendo uma das mais prejudicadas. Até o momento, há  registro de um prejuízo de R$ 12 milhões. Outra cultura que já está comprometida é a de banana cujo prejuízo parcial está orçado em R$ 5 milhões.
    O impacto desta cheia de grande porte atingiu também a produção da fibra de juta e malva. A presidente da Cooperativa Mista de Produtores de Fibra de Juta e Malva do Amazonas, Eliana Medeiros do Carmo, disse que foram perdidos 70% da safra de 2012. “A nossa perspectiva para este ano era de 14 mil toneladas de malva. Agora, estamos lutando para chegarmos a 4 mil. Ninguém esperava que as teríamos essas perdas. Nossos produtores estão extremamente prejudicados. Há financiamento para ser quitado e não sei como vamos fazer para pagar”, disse Eliana.
    Para reduzir o impacto das perdas, o Governo do Estado, segundo Vizzoli, já iniciou ações de atendimento aos produtos. Uma das ações é a distribuição de um cartão que dá direito ao produtor ter acesso a R$ 400 – o repasse ainda não tem data definida. “A gente também vai fazer ação de fomento, com entrega de sementes e de mudas. Já começamos a entregar no interior. Depois, vamos recorrer ao Basa e à Afeam para que as duas instituições atendam com crédito rural”, disse Vizzoli.
    Conforme o presidente do Idam, a produção de 2012 registra prejuízos de grandes dimensões também em função de seu crescimento. “Em 2009, tínhamos uma produção menor de banana, por exemplo. Agora, ela aumentou.
Antecipada

    O ciclo hidrológico pegou de surpresa os produtores de fibra e malva. Segundo Eliana, a colheita ocorre sempre em dezembro, mas neste mês o rio já havia começado a subir com maior velocidade. “Tudo depende do fator natureza. A gente começa a semear em agosto e setembro para começar a colheita em janeiro. Mas, decidimos fazer isso já em dezembro. Só que neste mês o rio já estava subindo”, disse Eliana.
   Os principais produtores de juta e malva são Manacapuru, seguidos de Anamã, Beruri e Codajás, banhados pelo rio Solimões. A cooperativa tem mais de 5 mil produtores associados. “Fizemos uma solicitação do Banco do Brasil e da Afeam. Muitos estão endividados e queremos recuperar a linha de financiamento”, disse. Conforme levantamento do Idam, em 30 municípios do Amazonas, 7.374 famílias de produtores rurais estão sendo prejudicadas pela cheia. O levantamento abrange 34 produtos e atividades, incluindo as fibras de juta.
   Culturas de mandioca, banana e pastagem foram as mais prejudicadas. O Idam prevê também consequências diretas no valor do produto no mercado, com um aumento de 20%.
   O rio Negro, em Manaus, chegou nesta quarta-feira à cota de 29,30m. A cota máxima, registrada em 2009, foi de 29,77.

Nenhum comentário:

Postar um comentário